3 de abril de 2010
A tarde
Foto de Alberto Guimarães
As tardes que vão ser e terão sido
são uma só, inconcebivelmente.
São um claro cristal, só e doente,
inacessível ao tempo e a seu olvido.
são os espelhos dessa tarde eterna
que em um céu eterno se entesoura.
Naquele céu estão o peixe, a aurora,
a balança, a espada e a cistena.
Um e cada arquétipo. Assim Plotino
nos ensina em seus livros, que são nove;
bem pode ser que o que a nossa vida move
seja um reflexo fugaz do divino.
A tarde elemental ronda a casa.
A de ontem, a de hoje, a que não passa.
Jorge Luis Borges, Os Conjurados, tradução de Pepe Escobar.
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