26 de março de 2010

Espanto


A Igualdade entre Mulheres e Homens é um princípio constitucional consagrado e, uma das tarefas fundamentais do Estado Português que deve, não só garantir o Direito à Igualdade, mas também, assumir a sua promoção. Esta é assim, uma obrigação de todos os poderes públicos, nomeadamente da Administração Pública Central e Local e, consequentemente, de todas as pessoas que asseguram o serviço público.
Isto pode-se ler no portal da Secretaria de Estado da Igualdade. Todavia, deparei a semana passada com este anúncio chancelado pelo Ministério da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento, e publicado no jornal Destak. Para fazer passar uma louvável mensagem de alerta aos consumidores, usam-se lugares-comuns de um sexismo rançoso. Na patusca família do anúncio, as questões económicas, primordiais, são preocupação do pai/marido. Já a esposa/mãe tem inquietações relacionadas com a manutenção da casa e com as compras. E as crianças? A menina dedica-se com entusiasmo aos toques, SMS e por aí vai, enquanto o rapaz, proto-homem de acção com as calças rompidas, mostra também já valor intelectual e sensatez ao se interessar por jogos e brincadeiras seguras. Repare-se que a senhora da casa tem um aspecto elegante, enquanto o cavalheiro se permite apresentar uma rotunda catadura.
Afinal, há neste anúncio um reflexo de realidades ainda existentes, apesar de várias décadas o separarem dos spots da Família Prudêncio. O que nele me espanta é o desconchavo de ser veiculado por órgãos tutelados por um governo que até tem desenvolvido acções que contribuem para se conseguir uma efectiva igualdade. Como é possível um anúncio destes ser aprovado num briefing e chegar aos meios?

Sem comentários: