17 de fevereiro de 2011

Letargo


Foto de Alberto Guimarães

Maio. Afinal era maio. O tempo distendia-se por fim. Uma breve teoria: há certos movimentos que apenas são possíveis depois do início da primavera. Durante a invernia, o corpo esquece-os, míngua, endurece como as árvores. Em maio, o corpo endurece como as árvores. Em maio, o corpo recorda esses movimentos, julga reaprendê-los e, ao fazê-lo, redescobre a sua verdadeira natureza. É por isso que se fala de renascer na primavera, é por isso que as pessoas se apaixonam e é por isso que crescem plantas. Esses movimentos são simples, todas as pessoas os sabem fazer. Ao serem empreendidos, dão lugar a multidões desgovernadas de sequências que, no fim da sua acção, acendem o sol.
in Livro, José Luís Peixoto, Quetzal, 2010.

A Galena em letargo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Verdade, verdade!