19 de outubro de 2008

Qualquer coisa entre


Foto de Alberto Guimarães

Nem a formação militar, tipo guarda de honra, configurando os vasos degrau a degrau, nos impede de ver familiaridade. Isto não é paisagem. Qualquer coisa entre instalação contemporânea, daquelas das galerias pedantes e evanescentes, e quintal da casa onde crescemos. Talvez couve-de-bruxelas, Europa, e arremedos de orquídeas tristes, biodiversidade. Mas nunca vasos de plantas não-alinhados. Estão ali, firmes, comprometidos, tudo se passa nas traseiras, há hiper-realismo e melancolia. Uma porta ponto de fuga. Rosas do Cairo? Promessas novidades, tenras?
Se houvesse rosmaninho era sul. Se surgissem manjericos era Fontaínhas. Mas não, só racionalidade e a humidade que faz a força, leve Outono.
Plantas carnívoras não—mas vasos vegetarianos, levitantes, medidativos.
Eis que vão a direito, de baixo acima de qualquer suspeita. Desistamos. Nada explica nada. Há só luz e oportunidade e quintais resistentes, vidas passadas a ferro e fogo. Urgências, geografia sentimental, zapping do espírito. Esperando que alguém suba aquilo e descubra.
Bernardino Guimarães

2 comentários:

Água na peneira... disse...

Lindo!

Água na peneira... disse...

Alberto, gostei muito de muitas coisas no seu blog, mas esse post e essa imagem são de uma coerência medonha...