28 de julho de 2008

As janelas


Foto de Alberto Guimarães

As janelas
abrem sobre as fontes.

Abrem para o esplendor
dos juncos altos e das dunas,

para a extrema embriaguez
de um corpo nu nas areias.

As janelas abrem para a loucura
da sombra de um lírio entre as pernas.

Abrem para a luz extenuada
e masculina das colinas,

para as águas tresmalhadas,
para a língua em chama nas virilhas.

As janelas abrem para a doçura
da morte prometida nas espadas.

Eugénio de Andrade

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