13 de abril de 2008

Oleiros



Que imagem é esta? Em concreto, não sei. Presumo que date dos anos 20. É um postal que só tem uma face, não me perguntem porquê, não respondo. A fotografia vive e vale por si, mesmo sem a aquiescência de dados ou uma justificativa que ela ilustrasse. Esta família parece que vivia da olaria. E eram os varões que moviam as rodas e moldavam o barro. A mãe tem um ar débil e consumido e a filha mais velha, ainda criança, toma conta de um bebé. Como terá sido a continuação da vida destas pessoas? O ar decidido dos três oleiros terá conseguido fazer desaparecer o tom desencantado de toda a família? Quero crer que sim. Vieram peritos / em habilidades / dizer que a fortuna cresce nas cidades, canta o Sérgio Godinho em Barnabé. Aquele Portugal já não existe embora estes rostos estejam aí. Ou chegam todos os agostos de para lá dos Pirinéus a conduzir mercedes e bmw’s. Nesta foto está o antes e o agora.

1 comentário:

Unknown disse...

Caro Alberto
Gostei muito de ver esta foto que não conhecia, mas que retrata oleiros de Gondar (Amarante). Estudo estas olarias há mais de 30 anos e, por isso, não há qualquer dúvida. Estes oleiros produziam louça preta modelada numa roda baixa e cozida numa cova (soenga) num processo extremamente arcaico e único em Portugal. Refira-se que ainda existe um oleiro, César Teixeira, a trabalhar em Gondar segundo os mesmos processos.
Neste momento estou a escrever um livro "Oleiros e olarias de Amarante" que será editado, espero que ainda este ano, pela Associação Camerata das Artes, de Amarante. Para além do trabalho de investigação, tenho reunido imagens antigas junto de famílias de oleiros de Gondar e conseguido autorização para publicar algumas fotos reunidas no Museu Nacional de Etnologia ou realizadas, por exemplo, pelo grande fotógrafo Eduardo Teixeira Pinto. Gostaria muito de ter autorização sua para integrar esta imagem no livro, indicando, obviamente, a propriedade. Se autorizar a sua publicação agradecia o favor de me enviar uma cópia digitalizada, com a maior qualidade possível, para que fique o mais valorizada que se possa. O meu mail é: antoniopdinis55@gmail.com.
Grato pela atenção dispensada. António Pereira Dinis, arqueólogo,