30 de dezembro de 2007

Um rio

Um rio te espera. A notícia que um poema de Eugénio de Andrade me tinha trazido, estaria no desleixo do meu subconsciente. Agosto, na companhia da nortada saio de Vila Chã, Vila do Conde, para um passeio pela praia. Depois de percorrer estradões sobre as dunas, areias e penedos, estou na Praia de Labruge. Súbito diviso uma paisagem bela e nova para mim: um ribeiro sinuoso de água cristalina encontrando-se com mar. As margens são pontuadas por gaivotas que esvoaçam ou deixam as suas patas marcadas na areia. Ignoro inestéticas construções que ali se ergueram e, no caminho contrário ao das águas alcanço deslumbrantes campos.
Venho a saber que se trata não de um ribeiro mas do Rio Onda, ou Calvelhe. Um rio outrora alcançado por caminhos romanos e medievais, onde se construiram vários moinhos.
A minha descoberta da foz do Rio Onda, foi, sem descurar outros, o momento mágico do meu ano, quando algo elemental e telúrico, citando de novo Eugénio, me fez, perto do mar, tropeçar no ar.








Fotos de Alberto Guimarães

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