6 de outubro de 2007

Durabilidade

Aquando da Segunda Guerra Mundial, Portugal dependia de matérias-primas e diversos produtos indispensáveis, provenientes essencialmente de países envolvidos no conflito. Estando a teia de relações comerciais com o exterior dificultada, problema acrescido a muitos outros, designadamente a especulação e a injusta repartição das riquezas, grande parte da população portuguesa viveu anos de penúria, de dificuldade. Em 1946, já num panorama de pós-guerra, a propaganda da Ditadura, admoestava ainda para «evitar o desperdício» e a que se gastasse «o menos possível». A população, obviamente tinha de seguir esse caminho. Um caminho pouco luminoso, de esconsas ruas e vielas com lampiões que projectavam mais sombras que luz.
Quem tentava dar um contributo para iluminar o país era a Philips. E a sua publicidade acompanhava o ditame oficial. A multi-nacional evocava a sua cumplicidade com Portugal - «a lâmpada que o país conhece» - para depois salientar a grande virtude da lâmpada Philips: «luz económica e duradoira». Como retrata o anúncio reproduzido, publicado na revista Ver e Crer de Março de 1946.
Hoje, a lâmpada incandescente é considerada um hino ao desperdício de energia e tem pela frente um destino pouco duradoiro, com intenções políticas em todo o mundo, de a substituir pela lâmpada fluorescente, essa nova campeã de resistência e baixo consumo de energia…

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