19 de outubro de 2006

Rivoli.

De madrugada, com a intervenção da PSP, tudo voltou ao normal no Rivoli. Ninguém mais se inquietará com algo de exótico a acontecer na Praça D. João I.
A habitualmente generosa população do Porto, fez-me lembrar neste caso, a canção que diz quem passa nem liga, já vai trabalhar. Em geral, os portuenses não estiveram solidários com os «ocupantes» do Rivoli. Mas nos dias que correm os portuenses pouco abandonam os seus condomínios fechados onde se barricam, sabe-se lá porquê, os guetos que são os bairros sociais e os subúrbios tristes e desmotivantes onde se acomodam numa diáspora.
Foi uma minoria, que até não é mesmo imensa, quem decidiu intervir/agir artisticamente e civicamente em torno do Rivoli. Com criatividade e determinação. Afinal nem tudo está perdido.
Como notava João Fernandes do Museu de Serralves hoje no JN, em 1978 artistas também ocuparam o MOMA em Nova Yorque, só que a administração não lhes cortou a água, nem a luz, nem o resto. Dialogou com eles e daí o Museu saiu valorizado. João Fernandes ponderava que a transgressão, desde que não coloque em causa a ética humana, é uma atitude respeitável.
No Rivoli manifestou-se não só uma resistente capacidade de indignação como se levou a arte onde ela deve ir: até às consequências possíveis. Não se espera que toda a gente entenda isso, muito menos o executivo da Câmara do Porto.
No Rivoli tudo voltou ao normal mas nada será como antes.

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