28 de setembro de 2008
Rua do Bonfim
Rua do Bonfim, óleo sobre tela, 1902, de António Carneiro.
Fotos de Alberto Guimarães
A Rua do Bonfim já não é percorrida por mulheres com fardos na cabeça. Passam lá agora carrinhas apressadas, com cargas acompanhadas de guias de remessa. Mas mantém-se desenfeitada pelo pouco movimento, pela pouca gente que ali se vê. Vindo-se a desguarnecer de habitantes, como todo o centro do Porto, são visíveis na rua, porém, lado a lado com tristes sinais de abandono e degradação, indícios de vida e esperança num renascimento da rua e da cidade. Mesmo que em forma de janelas com caixilhos de alumínio. Aliás, caixilhos de alumínio, serão esteticamente desconfortáveis para quem vê a cidade como museu mas são um subterfúgio necessário a quem, detentor de meios, insiste em viver ali ou em quem se instala. E um preferível contraponto às casas deterioradas.
Atrevi-me a juntar à reprodução de um quadro de António Carneiro (1872-1930), os meus olhares da melancolia da desistência ou da impotência que coabita na Rua do Bonfim com a determinação e ternura de quem não a abandona ou ali decide alojar-se. No quadro, numa composição vertical que acompanha a curvatura em que se estende a rua até à elevação onde está a Igreja do Bonfim, o pintor deixou figurados entre predominantes amarelos e castanhos, alguns coruscantes pontos das fachadas que continuam a pigmentar os dias mais nebulosos ou cinzas do Porto.
A obra de António Carneiro, é reproduzido, com a devida vénia, do livro António Carneiro, o voa da águia, de Bernardo Pinto de Almeida, Ed. Caminho/Edimpresa.
27 de setembro de 2008
Vindimas
Foto de Alberto Guimarães
Agosto madura, Setembro vindima, diz o ditado popular. Sente-se o perfume das vindimas.
Curiosa e bonita esta evocação das vindimas na fachada de um prédio que deve ter sido construído pelos anos 50 ou 60. Na Rua Morgado Mateus. Os portuenses, sempre com um pé na cidade outro no campo. E a cabeça também.
Anos 80
Foto de Alberto Guimarães
Nos anos 80 o Porto também (me) matava. A cidade, malgré tout, tinha movimentações culturais (e pretensamente contra-culturais, seja lá o que isso for) consideráveis. Algumas seminais de expressões que ainda perduram, outras de uma dimensão apenas daquele tempo.
Negativos vindos directamente de uma caixa de sapatos, lembraram-me uma mostra de arte, um palco de happenings que teve lugar então, não consigo precisar o ano, justamente no Jardim de S. Lázaro. Com a Escola de Belas-Artes ali ao lado.
Desses negativos, trago para a Galena, o Retrato do Félix. Enquanto jovem.
24 de setembro de 2008
Alice
20 de setembro de 2008
Ferrara Plaza / Citânia de Sanfins - Paços de Ferreira
Fotos de Alberto Guimarães
Entre os séculos I a.C.e II d.C., a Citânia de Sanfins contituiu-se como grande aglomerado populacional. Estendendo-se por cerca de 15 hectares num planalto do actual concelho de Paços de Ferreira, é reconhecidamente um dos demonstrativos do proto-urbanismo da II Idade do Ferro. Significativa estação arqueológica da cultura castreja, é monumento nacional desde 1946.
Não longe da Citânia, está, ainda a cheirar a novo, o centro comercial Ferrara Plaza. Contrariando a tendência que algumas superfícies comerciais têm para decorações deslocadas da envolvência local, ou com referências ao sítio onde se encontram, digamos, meramente «folclóricas», o Ferrara Plaza (que não encomendou este post), teve a sensibilidade de evocar no seu ambiente a Citânia, na figura do tutelar Guerreiro de Sanfins. Reconheça-se o mérito de tal.
19 de setembro de 2008
O tesão das flores
Foto de Alberto Guimarães
CARTA DE AMOR
A Eugénio de Andrade.
Um dia destes
vou-te matar
Uma manhã qualquer em que estejas (como de costume)
a medir o tesão das flores
ali no Jardim de S. Lázaro
um tiro de pistola e…
Não te vou dar tempo sequer de me fixares o rosto
Podes invocar Safo, Cavafy ou S. João da Cruz
todos os poetas celestiais
que ninguém te virá acudir
Comprometidos definitivamente os teus planos de eternidade
Adeus pois mares de Setembro e dunas de Fão
Um dia destes vou-te matar…
Uma certeira bala de pólen
mesmo sobre o coração
Jorge Sousa Braga
Visões do Porto (7)
18 de setembro de 2008
16 de setembro de 2008
Fototipia de S. Lázaro
Recolhimento de Orphãs de Nossa Senhora da Esperança, rua de S. Lazaro, instituido principalmente para recolher, alimentar e educar orphãs, servindo tambem de collegio de educação de meninas pensionistas e habitação de senhoras pensionarias.
Edifício do actual Colégio Nossa Senhora da Esperança e da Igreja de S. Lázaro, in álbum sem data, crível de ser do início do séc. XX, com phototipias de edificios em que se acham installados os estabelecimentos administrados pela Misericordia do Porto.
14 de setembro de 2008
Mabor General 1980
Agora que a Galena cedeu aos proventos da publicidade, estes espaços de apresentação de velhos anúncios já não se podem denominar Intervalo Para Publicidade... mas continuará a ser irresistível expor aqui propagandas como esta. Uma interessante composição gráfica com a qual a Mabor General, marca portuguesa de pneus, mostrava em 1980 o seu empenho na segurança rodoviária.
12 de setembro de 2008
Bonecas
9 de setembro de 2008
Ilha de Luanda
Corto Maltese terá ali aportado? Num adeleiro do Porto encontrei a reprodução do quadro A Ilha de Luanda, de G. O. Marques. Numa legenda, avisa-se: «pertence ao Exmo. Snr. Francisco Leite Duarte». Alguém sabe algo sobre este quadro? E Corto Maltese terá ali aportado?
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5 de setembro de 2008
Palácio de Cristal
Vista aérea do Palácio de Cristal
Uma tarde infantil na nave do Palácio de Cristal
Antes de repor na prateleira o boletim Actividades Culturais da Câmara Municipal do Porto, de 1951, dele retiro outras duas fotos. O malogrado Palácio de Cristal! Obscuro processo fez desaparecer este belo edifício que foi inaugurado em 1865 e intrigantemente demolido no mesmo ano da publicação do citado boletim onde se escrevia «(...) o Palácio de Cristal Portuense, de tão notáveis tradições, continua desempenhando um papel de especial relevo e importância».
4 de setembro de 2008
Visões do Porto (4)
Foto de Alberto Guimarães
Visões propiciadas pela Galena. Fonte de Villa Parda (onstentando a data de 1859 e a menção de ter sido restaurada em 1940), Rua do Bonjardim. Naquele lugar, na antiga Estrada de Guimarães, já não jorra água e ali foram desajustadamente colocados contentores de lixo e demais «mobiliário urbano». Mas é, ainda assim, uma das interessantes visões do Porto.
Saridon
3 de setembro de 2008
Biblioteca Pedro Ivo, Praça Marquês de Pombal
Foto de Alberto Guimarães
Em sessão de 22 de Outubro de 1936, a Comissão Admnistrativa da Câmara Municipal do Porto aprovou uma proposta no sentido de serem criadas de novo nesta cidade algumas Bibliotecas Populares. (...) Em 1937 (Sessão de 18 de Março) foi aprovado o Regulamento destas Bibliotecas em cujo art.1º se estabelece que o seu fim é «fornecer gratuitamente os indispensáveis meios de cultura intelectual e aperfeiçoamento profissional às classes mais humildes, tendo também em vista a sua formação moral e civíca, que, em caso algum, poderá ser contrariada por leituras que não sejam rigorosamente honestas».
Está-se a citar, (e mostra-se uma foto dali extraída) o boletim Actividades Culturais da Câmara Municipal do Porto, dos Serviços Sociais e Culturais da C.M.P., de 1951, onde se referia a inauguração da quinta Biblioteca Popular, denominada Pedro Ivo, «e para a qual se construiu expressamente um elegante pavilhão no Jardim da Praça Marquês de Pombal e que foi inaugurado solenemente em 6 de Janeiro de 1948». O boletim reconhecia ser aquele polo o que correspondia inteiramente ao almejado com as Bibliotecas Populares.
Com a denominação de Biblioteca Infantil Pedro Ivo, o estabelecimento manteve-se de portas abertas e em plena actividade até anos relativamente recentes. Mas de momento, ali está apenas um edifício desocupado ,deixando de funcionar um equipamento cultural, desperdiçando-se infra-estruturas públicas.
Como a Biblioteca Pública Municipal do Porto com o seu rico acervo e a sua excelente Sala de Livre Acesso está relativamente distante da Praça Marquês de Pombal e da parte alta da cidade, reactivar a Biblioteca Pedro Ivo, será uma actuação a esperar por parte dos responsáveis municipais. Para que, por exemplo, os frequentadores do Jardim, muitas vezes sem posses para se abastecerem de leitura nos quiosques que ali existem, não tenham para ler apenas os jornais gratuitos que juntos das pombas esvoaçam nos canteiros.
2 de setembro de 2008
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